A primeira coisa a fazer em caso de uma picada de cobra é identificar a serpente. Embora a picada de cobra possa ser fatal, existem soros muito eficientes que podem evitar esse desfecho, sobretudo se a cobra puder ser identificada.
Segundo o Instituto Butantan, há quatro tipos de acidentes peçonhentos com cobras:
Acidente botrópico (causado por serpentes do grupo das jararacas): causa dor e inchaço no local da picada, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento pelos orifícios da picada; sangramentos nas gengivas, pele e urina. Pode evoluir com complicações como infecção e necrose na região da picada e insuficiência renal.
Acidente laquético (causado por surucucu): quadro semelhante ao acidente botrópico, acompanhado de vômitos, diarreia e queda da pressão arterial.
Acidente crotálico (causado por cascavel): sensação de formigamento no local da picada, sem lesão evidente; dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento, visão turva ou dupla, dores musculares generalizadas e urina escura.
Acidente elapídico (causado por coral verdadeira): no local da picada não se observa alteração importante; as manifestações do envenenamento caracterizam-se por visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento.
Quais são as diferenças entre cobras venenosas e não venenosas?
As diferenças servem como um guia geral, mas comportam muitas exceções. Consideram-se alguns fatores:
As cobras venenosas têm aneis coloridos completos pretos, brancos, vermelhos ou amarelos.
As cobras venenosas têm cabeça triangular, bem destacada do corpo e coberta pelas mesmas escamas do corpo. As cobras não venenosas têm cabeça arredondada e coberta por placas.
As cobras venenosas têm cauda curta, que se afila bruscamente; as cobras não venenosas têm cauda longa, que se afila gradualmente.
As cobras venenosas têm presas na parte anterior da boca. As cobras não venenosas têm dentes serrilhados.
As cobras venenosas têm olhos grandes e pupilas como fendas verticais. As não venenosas têm olhos pequenos e pupilas arredondadas.
As cobras venenosas têm um pequeno orifício entre os olhos e as narinas, a chamada fosseta loreal; as não venenosas não têm. Com exceção da cobra coral, que não tem fosseta loreal, mas é venenosa.
As escamas das cobras venenosas são alongadas e pontudas, dando ao tato uma sensação de aspereza. As outras têm escamas miúdas e dão, ao tato, um aspecto liso e escorregadio.
As cobras venenosas têm hábitos noturnos (embora também possam ser avistadas de dia).
As serpentes inofensivas fogem quando ameaçadas; as peçonhentas não e assumem atitude de ataque (elas se enrolam e armam o bote).
Quais são os primeiros socorros a serem prestados a uma pessoa que foi picada por uma cobra?
Como a picada de cobra acontece habitualmente em lugares distantes do ponto de socorro médico, os primeiros socorros têm de ser prestados por uma pessoa leiga, que deve:
Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão.
Manter o paciente deitado.
Manter o paciente hidratado, dando pequenos goles de água a ele.
Procurar o serviço médico mais próximo, o mais rápido possível.
Se possível, levar o animal para identificação.
Retirar aneis, pulseiras, sapatos ou outros adereços apertados, porque logo ocorrerá o edema (inchaço).
O que não deve ser feito?
Não fazer torniquete ou garrote.
Não cortar o local da picada, nem perfurar ao redor do local da picada.
Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes na ferida.
Não oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos à vítima.
Como é o tratamento?
A única terapia efetiva é o soro antiofídico. O soro deve começar a ser aplicado, de preferência, na primeira meia hora depois do acidente.
Existem vários tipos de soros antiofídicos, um para cada tipo de cobra, mas se a cobra causadora do acidente não puder ser identificada deve-se usar o soro polivalente.
Os soros utilizados em nosso meio são os seguintes:
Cobra desconhecida = soro antiofídico polivalente.
Jararaca = soro antibotrópico.
Cascavel = soro anticrotálico.
Surucucu = soro anti-laquético.
Coral verdadeira = soro antielapídico.
Em áreas em que as cobras são comuns, deve-se ter sempre à mão o soro polivalente, devido à sua maior aplicabilidade. Os soros antipeçonhentos são produzidos no Brasil pelo Instituto Butantan (São Paulo), Fundação Ezequiel Dias (Minas Gerais) e Instituto Vital Brazil (Rio de Janeiro). Toda a produção é comprada pelo Ministério da Saúde que distribui para todo o país, por meio das Secretarias de Estado de Saúde. Assim, o soro está disponível em serviços de saúde e é oferecido gratuitamente aos acidentados.
Tratamento de suporte ou sintomático também pode auxiliar, dependendo do caso.
Como evitar as picadas de cobras?
Uma cobra só ataca quando agredida. Em caso de ver-se próximo a uma cobra, mantenha-se imóvel até ficar fora do alcance dela.
Mantenha a grama aparada, os arbustos limpos e não deixe galhos amontoados.
Use uma vara para mexer em montes de entulhos ou madeiras.
Onde há ratos, há cobras. Limpe paióis e terreiros, sem deixar o lixo acumular. Feche buracos e frestas de portas.
Use botas, calças compridas e luvas de couro em áreas infestadas.
O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos evita cerca de 80% dos acidentes.
Cerca de 15% das picadas atinge mãos ou antebraços. Use luvas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. Não coloque as mãos ou os pés em buracos.
Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Cuidado ao revirar cupinzeiros.
Não mexa em cobras, mesmo que estejam mortas. Ainda assim, elas podem injetar veneno.
FONTE!